O presidente brasileiro Inácio Lula da Silva comentou em sua viagem à Etiópia, há alguns dias, que Israel está fazendo em Gaza o que Hitler fez com os judeus na Alemanha e acusou o Estado de Israel de genocídio contra os palestinos.
Em primeiro lugar, essa acusação está completamente errada. Os nazistas, além de invadir e subjugar muitos países europeus e iniciar a Segunda Guerra Mundial, criaram uma indústria para assassinar e aniquilar todos os judeus da Europa com todos os meios disponíveis, fuzilamentos a sangue frio, câmaras de gás para acelerar o processo da solução final, que significava o extermínio de todos os judeus, campos de concentração, guetos, trens para transportar pessoas como gado para os campos de extermínio, leis antijudaicas, expropriação de propriedades pessoais, escravidão, experimentos científicos, leis raciais, controle total da mídia de propaganda e muita ajuda dos governos dos países colaboradores para liquidar até 6 milhões de judeus.
Israel foi atacado pelos fundamentalistas islâmicos do Hamas, que representam e governam a população palestina de Gaza, que escolheram esse governo e cuja organização terrorista cometeu em poucas horas um massacre sem precedentes em 7 de outubro de 2023, matando mais de 1.200 pessoas inocentes em solo israelense, ferindo milhares, sequestrando mulheres, crianças, bebês e idosos, estuprando cruelmente mulheres e se vangloriando com a aprovação e a celebração da maioria dos habitantes de Gaza e do mundo islâmico.
O Hamas provocou essa guerra, não Israel. A constituição do Hamas declara a destruição completa de todo o território de Israel.
Israel não tem intenção de matar crianças, pelo contrário, é o Hamas que sequestra e mata crianças israelenses inocentes. Em várias circunstâncias, Israel avisou a população de Gaza que uma operação militar seria realizada em determinadas áreas para que os residentes pudessem se mudar para locais mais seguros. Não é culpa de Israel o fato de o Hamas usar sua população como escudo para lançar mísseis de hospitais, escolas, jardins de infância e mesquitas e depois usá-los como propaganda política.
Essa acusação também demonstra ignorância em relação ao Shoa (Holocausto). A Alemanha nazista de Hitler eliminou todos os seus oponentes políticos, além de aniquilar milhões de judeus, causou a Segunda Guerra Mundial, que gerou outro número impressionante e ainda maior de milhões de mortos não judeus também nas batalhas contra seus inimigos, invadiu e tomou vários países europeus e chegou até o norte da África, reprimiu eslavos, dissidentes políticos, cristãos que se opunham aos nazistas, ciganos, homossexuais, poloneses, russos, socialistas, bolcheviques, comunistas e outras minorias étnicas, aliou-se a todos os regimes fascistas e seu objetivo de estabelecer uma raça superior ariana no controle do mundo não era apenas um sonho, mas uma meta.
Israel tem um conflito regional com os palestinos, que se recusam permanentemente a chegar a um acordo de paz com Israel e iniciaram a guerra quando decidiram eliminar Israel entre 1947 e 1948 com a ajuda de vários países árabes. Eles usaram e usam o terrorismo contra Israel em vez do diálogo e do desejo de chegar a um acordo de paz real até hoje.
Israel não busca dominar ou conquistar outros países e aqui há liberdade de imprensa e democracia até mesmo para criticar fortemente o governo, como geralmente acontece na sociedade israelense.
É muito importante que Lula leia, estude e aprenda mais sobre o Holocausto nazista.
O terceiro ponto para entender o comentário de Lula é a perversidade e o oportunismo político.
Ele parece querer alterar, modificar ou manipular uma situação a seu favor.
Lula, que apoiou as políticas do antigo e falecido ditador venezuelano Chávez e é aliado do atual presidente venezuelano Maduro, quer se mostrar como um líder internacional de esquerda e, curiosamente, seus comentários contra Israel acontecem logo após a visita do presidente argentino Javier Milei a Israel, que expressou sua solidariedade e total apoio a Israel na guerra contra o terrorismo do Hamas.
Lula é contra o presidente argentino Milei que lembrou a prisão de Lula da Silva por sua acusação em atos de corrupção política no Brasil, Lula passou 580 dias na cadeia, o líder do Partido dos Trabalhadores havia sido condenado pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro.
Nesse caso, Lula se posiciona como a esquerda da América Latina contra a direita de Milei.
E também dias após a visita de Milei a Israel, a Bolívia, que rompeu relações com Israel quase desde o início da guerra em Gaza, assinou um importante acordo com o Irã, portanto, há uma agenda islâmica na América do Sul à qual devemos estar atentos.
Talvez os comentários de Lula não devam ser uma grande surpresa, já que em um de seus mandatos anteriores, em 2009, quando Mahmoud Ahmadinejad, ex-presidente do Irã, foi duramente criticado no mundo livre e pressionado por seu programa atômico, por sua negação do Holocausto nazista contra os judeus e por incentivar abertamente a destruição total de Israel, ele teve a honra de ser convidado por Lula para vir ao Brasil.
Em agosto de 2023, o presidente Lula se reuniu com o presidente do Irã, Ebrahim Raisi, em Joanesburgo, África do Sul, durante a Cúpula do BRICS, acrônimo de Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. O termo foi inicialmente criado como BRIC (sem a África do Sul) pelo economista Jim O’Neill, da Goldman Sachs, em 2001. O PT (Partido dos Trabalhadores) comemorou a entrada do Irã no BRICS ao lado de Raisi, acusado de envolvimento na execução de milhares de prisioneiros e apelidado de “o açougueiro de Teerã”.
O papel de Raisi no chamado “comitê da morte” foi denunciado pela Anistia Internacional em 2018. De acordo com o relatório da ONG, as execuções ocorreram entre o final de julho e o início de setembro de 1988. Os corpos de pelo menos três mil vítimas foram supostamente enterrados em valas comuns anônimas.
“O fato de Ebrahim Raisi ter se tornado presidente em vez de ser investigado pelos crimes contra a humanidade de assassinato, desaparecimento forçado e tortura é um lembrete sombrio de que a impunidade reina no Irã”, disse a secretária-geral da Anistia Internacional, Agnes Callamard.
A República Islâmica do Irã é a maior exportadora de terrorismo do mundo, financiando grupos terroristas como o Hezbollah no Líbano, os Houthis no Iêmen e o Hamas em Gaza, entre outros, e está envolvida na construção de arsenais atômicos e armas nucleares, sendo seu principal objetivo a destruição total de Israel.
Espero e desejo que o amor da maioria do maravilhoso e amado povo brasileiro por Israel, refletido na enorme quantidade de peregrinos que visitaram Israel nas últimas décadas, permaneça vivo, não seja contaminado e reverta todas as expressões de antissemitismo que estão afetando o Brasil.
Adiel Wajsman
Guia de turismo licenciado
Israel
25 de fevereiro de 2024